Na primeira parte do primeiro módulo desta disciplina, são abordados os conceitos utilizados em turismo e a sua evolução ao longo dos anos. Ao definirmos turismo com base na matéria, devemos ter em consideração os vários autores (Glucksmann, Schwink, Bormann, Morgenroth, Fuster e Mcintosh), que apresentam definições variadas. No entanto a definição mais completa deve-se a dois professores suíços, Kurt Krapf e Walter Hunziker, que em 1942 definiram o turismo como “ o conjunto de relações e fenómenos produzidos pela deslocação e permanência de pessoas fora do seu lugar de domicilio”. Contudo, com o passar do tempo, a definição que se manteve foi a da OMT (Organização Mundial de Turismo), em 1993: “O conjunto das actividades desenvolvidas por pessoas durante as viagens e estadas em locais situados fora do seu ambiente habitual por um período consecutivo que não ultrapasse um ano, por motivos de lazer, de negócios e outros”.

O documento 1- “O Turismo: uma história Antiga!” - e a imagem 1- “The Grand Tour” - relacionam-se com esta parte da matéria, pois falam-nos do aparecimento do turismo desde a Antiguidade e da sua evolução até à actualidade, referindo “O Grand Tour” e a sua importância para este desenvolvimento e o aparecimento do conceito de turista, pois

“No Renascimento viaja-se para se cultivar, por curiosidade, por prazer, como Montaigne. Nos começos do século XIX, era tradicional que os filhos da aristocracia ou da burguesia fizessem uma British volta... à França. Eles foram assim os primeiros Tourist, imitados por grandes nomes da Literatura (Stendhal e as suas Memórias de um turista), dos negócios (Thomas Cook foi criada em 1851) ou já nessa altura por associações (o Touring Club de França data de 1890).”

Também o documento 3- "O que é o Turismo?”- dá mais uma ideia sobre o que é o Turismo, dizendo que “O turismo é um composto de actividades, serviços e setores que proporcionam uma experiência de viagem: estabelecimentos de transporte, hospedagem, alimentação, compras, entretenimento, locais para actividades e outros serviços de hospitalidade disponíveis para indivíduos ou grupos que estejam viajando para longe de onde vivem. Ele engloba todos os prestadores de serviços a visitantes e correlatos”. 

A primeira definição técnica de Turista foi estabelecida pelo Comité Estatístico da Sociedade das Nações em 1937: “Um turista estrangeiro é uma qualquer pessoa que visite um país, no qual não resida habitualmente, por um período de pelo menos 24 horas”. Esta definição foi sofrendo alterações até que em 1993, a ONU, por recomendação da OMT, “proclamava que o Turismo era um direito inalienável para todos os indivíduos, identificando o turista como: qualquer pessoa que vai a um país que não é aquele onde tem a sua residência habitual, por pelo menos uma noite e não mais do que um ano, e cujo motivo principal não é exercer uma actividade remunerada..., e efectua uma dicotomia em relação ao tempo[…]” (documento 2 - “Evolução do conceito de Turista").

A segunda parte da matéria diz respeito à “Sociologia do Turismo e o Turismo como fenómeno interdisciplinar”. Existem várias formas de abordagem ao estudo do turismo tais com, abordagem institucional – relaciona-se com as instituições ou organizações que estão ligadas á actividade turística e que garantem o seu desempenho, sendo uma das vantagens desta aproximação a existência de fontes de informação para estudo - ; Abordagem Histórica – é pouco utilizada devido ao carácter recente do turismo de massas, e analisa a evolução das actividades turísticas e das instituições nelas envolvidas - ; Abordagem de Produto – estuda os vários produtos e serviços turísticos bem como a forma como são produzidos, comercializados e consumidos, ou seja, é o estudo do consumo do produto no turismo - ; Abordagem Geográfica – estuda as áreas de fluxos turísticos, os próprios fluxos turísticos e os impactos provocados pelos fluxos turísticos -; Abordagem da Gestão – orienta-se para o estudo de processos que envolvam a gestão de organizações turísticas e dos vários produtos turísticos -; Abordagem de Sistema – divulga o estudo do turismo enquanto sistema isto é, como um conjunto de elementos interrelacionados e coordenados para formar um todo unificado -; Abordagem Social – estuda os indivíduos enquanto turistas as suas relações com os outros e o impacte do turismo nas sociedades. A abordagem económica analisa o turismo e as suas contribuições para as economias nacionais e para o seu desenvolvimento económico, assim como os impactes económicos ligados ao turismo (directo e indirecto). A abordagem horizontal analisa o turismo em função de todas as áreas de conhecimento com as quais tem uma relação íntima, sem o considerar um sector autónomo, ou seja, é tudo aquilo que suporta a actividade turística. Para melhor compreendermos estas abordagens, inserimos um vídeo - Vídeo 1: “Abordagem Económica”, que retrata especificamente as consequências da economia no Turismo. Neste caso, o vídeo fala sobre a evolução positiva que o turismo provocou na economia da Suíça. 

O reconhecimento do fenómeno social do turismo está bem patente na declaração de Manila sobre o turismo mundial (1980):

Parece oportuno e necessário analisar o acto turístico em função fundamentalmente da amplitude que alcançou a partir do momento em que os trabalhadores obtiveram o direito às férias pagas e ao passar de um plano limitado de um prazer elitista ao plano geral da vida social e económica de vastas faixas da sociedade.

A sociologia do turismo pode definir-se como “a área da sociologia que estuda cientificamente os aspectos do tempo livre e da civilização do ócio, concretizado nas viagens e nas actividades turísticas de descanso, recreio, divertimento e cultura”.

Sociologicamente, o turismo pode ser estudado em vários níveis:

Individual: dedica-se ao estudo das motivações

Interactivo: relações que se estabelecem entre o turista e o residente no local;

Dos destinos e impactes: transformações que o destino sofre com o turismo;

Histórico: estuda a forma como vemos o turismo e a sua história.

De modo a entender melhor as transformações sofridas pelos destinos por influência do turismo, o nosso segundo vídeo – Vídeo 2 : “Os impactos do Turismo” – reflecte as consequências negativas provocadas pelo turismo numa localidade do interior do Brasil, tanto a nível físico como sociológico. 

O turismo não pode ser estudado isoladamente uma vez que engloba vários fenómenos, por isso tem de ser estudado por várias disciplinas – interdisciplinaridade – para o podermos perceber melhor e para possibilitar a sua evolução. Existem várias sociologias, que são a sociologia do ócio e do tempo livre que estuda
cientificamente o comportamento transpessoal, a sociologia do estranho que enfatizou os estudos dos estranhos permanentes e semi-permanentes, minorias e os expatriados, sociologia da hospitalidade que foi estudada em sociedades simples e tradicionais, sociologia da viagem que estuda os turistas no papel de viajantes, sociologia industrial aplicada ao turismo, que estuda as relações psicossociais internas e externas da empresa entre os seus diferentes níveis, sociologia do mercado turístico que estuda cientificamente os comportamentos e as relações transpessoais entre os agentes da oferta turística e a procura turística, sociologia das relações turísticas internacionais que estuda o comportamento transpessoal das sociedades, comunidades e organizações internacionais relacionadas com o turismo. Tal como é demonstrado no vídeo 3 – “Sociologia da Religião”, o turismo encontra-se relacionado com as mais variadas áreas da sociedade, neste caso com a religião. Este fenómeno atrai não só peregrinos pela sua fé, mas também turistas pela curiosidade e pela própria cultura religiosa. O documento 4 – “ Abordagens Interdisciplinares” também explica de que modo as outras áreas e ciências se relacionam com os fenómenos turísticos e da nossa sociedade, uma vez que “O fato é que o turismo é tão amplo, tão complexo e tão multifacetado que são necessárias diferentes abordagens para estudar esse campo, cada uma delas adaptada a uma tarefa ou objectivo diferente”.