Maria João Cruz, estudante universátira na Escola Superior de Tecnologia e Gestão de Lamego, frequenta a licenciatura em Gestão Turistica Cultural e Patrimonial.

 

Este site teve como principio ser um trabalho final para a disciplina de Sociologia, agora com a sua continuidade, edição e postagem, fico grata pelos comentários e partilhas. Esta pagina irá ter continuidade com várias noticias e tópicos do turismo, a nivel nacional e mundial.

 

"Gestor Turístico não é  uma profissão mas uma maneira de estar na vida" ;)



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Ensaio Critico do Módulo III
Ensaio Critico do Módulo III

O terceiro módulo de sociologia do turismo encontra-se dividido em três grandes partes, estas são: primeira parte, “mudanças culturais e a reestruturação do turismo”, segunda parte, “Tipologias da procura turística: o turista nos seus diversos tipos” e por fim na terceira parte, “Impactes do Turismo”.

Na primeira parte, “ mudanças culturais e a reestruturação do turismo”, está referido que devido às mudanças culturais vividas pelas sociedades Ocidentais nestas últimas décadas, as culturas vão-se modificando e isto envolve uma mudança dos laços não apenas entre as culturas, mas também entre as diferentes formas culturais. A consequência dessas mudanças é o de tornar o turismo cada vez mais abrangente, fazendo com que as pessoas sejam turistas, independentemente da sua vontade, aqui insere-se o documento 8 “Contactos culturais no Turismo: uma reflexão sobre os processos de aculturação”.

Antes os turistas preferiam as características distintivas da maioria dos resorts balneares, estes com o passar do tempo tornaram-se lugares comuns, o que provocou um declínio da procura dos mesmos, este facto pode ser explicado porque hoje em dia existe uma maior preferência pela cultura e pelas construções particulares da natureza, ou mesmo o desejo de contacto com o natural. Nos dias que correm é cada vez mais difícil ter umas “férias reais” devido à criação em massas de pacotes de férias, as características principais de umas férias reais são: em primeiro lugar subentende a viagem a destinos ainda não atingidos pelo turismo de massas; em segundo lugar o “turista real” irá utilizar agentes ou operadores que fornecerão cuidados e atenções especiais quando ele chegar ao destino. A imagem 15 – “ Feria Reais” insere-se neste contexto, e serve de ilustração para o que acima é referido.

Para finalizar esta primeira parte iremos abordar as três características do Pós-turista segundo Feifer, a primeira característica elucida-nos para o facto de que um pós-turista ser aquele que não necessita de deixar o conforto de sua casa para usufruir de algumas experiencias turísticas, para as quais antigamente precisava de se deslocar fisicamente ao local. A segunda característica, diz-nos que o turista está consciente desta mudança e joga entre a busca de cultura e de prazer tendo vários papéis turísticos conforme a sua vontade. Por último na última característica podemos concluir que ele se vê como um turista e usufrui de todas as actividades turísticas que a viajem lhe proporciona. Para reforçar o que foi dito anteriormente temos o documento 9 – “ o pós-turista”.

Na segunda parte do módulo três “ Tipologias da procura turística: o turista nos seus diversos tipos”, vamos abordar as seguintes temáticas: as motivações, o que leva o turista a tomar a decisão de viajar e aqui podemos falar nas motivações energéticas que de um modo geral englobam todos os motivos para a viagem, como por exemplo, negócios, cura, estudos, visitas familiares, assistência a manifestações especiais, culturais ou desportivas. Neste contexto inserem-se as diversas tipologias ou papeis que irão determinar as motivações dos turistas, a maioria dos autores baseou-se nos impactes sociais e ambientais do turismo ou na natureza da experiencia turística para lhes ser mais fácil explicar os vários tipos de tipologia. Existem três tipos de tipologia, sendo a primeira, tipologia de E. Cohen que consiste em, distinguir o turista que procura a novidade do turista que prefere a familiaridade. Dentro desta tipologia distinguem-se quatro tipos de turistas: o turista de massas organizado, não é nada aventureiro tem sempre todas as suas actividades marcadas e não dispensa um bom guia, a familiaridade está elevada e a novidade no mínimo; o turista individual, tem controlo sob o seu próprio itinerário e não está ligado a nenhum grupo organizado, mas contudo a sua viagem ainda é toda organizada por uma agência de turismo, este tipo de turista só viaja para destinos que tenham um pouco a ver com o seu local de residência, ou seja a familiaridade ainda é dominante; o turista explorador, organiza as suas viagens completamente sozinho, tenta interagir ao máximo com a cultura local; turista nómada ou drifter este turista foge completamente ao seu estilo de vida normal tenta e fugir ao máximo da rotina, integra-se completamente na cultura visitada a novidade está aqui no seu ponto mais alto. Neste contexto inserem-se as seguintes imagens: imagem 16 – “ Turista de massas organizado”; imagem 17 – “O turista individual”; imagem 18 – “ O explorador”; imagem 19 – “ Nómada ou Drifter”.

Uma outra tipologia é a de Yannakis e Gibson, que consiste nas motivações que levam o turista a planear o tempo livre gasto nas actividades turísticas. Dentro desta tipologia podemos distinguir 14 tipos de turistas: o amante do sol, é o tipo de turista que está interessado em descansar e tomar banhos de sol em locais de temperaturas muito elevadas; que procura acções excitantes, é o tipo de turista que está interessado em reuniões sócio – turísticas, na qual frequenta bares e discotecas com o objectivo de se relacionar com o sexo oposto; Arqueólogo, é aquele turista que procura destinos com grande interesse arqueológico; Turista organizado, é o turista que viaja com tudo previamente organizado e que adora tirar fotografias e comprar recordações; Aventureiro, é o turista que está á procura de novas experiências e de sensações de risco; Explorador, prefere viajar para destinos que ainda não foram descobertos e explorados turisticamente; Elitista, é aquele turista que só frequenta destinos elitistas e só realiza actividades consideradas de elite; Espiritualista, busca essencialmente um conhecimento espiritual e a busca pela paz interior enquanto viaja; Turista individual, embora viaje para destinos de massas, organiza a sua viagem sozinho; Turista de classe alta, é o turista que só utiliza serviços da mais alta qualidade, hotéis 5 estrelas e transportes de 1ª qualidade; Antropólogo é aquele turista que se infiltra na comunidade que visita e que partilha os seus costumes e a sua vida; Turista de Mochila, pode planear ou não o seu destino de férias e anda sempre com a mochila às costas; que escapa da rotina, procura sítios calmos propícios ao descanso e que façam com que se possa fugir á rotina; Desportista, procura os destinos de férias com o objectivo de praticar os seus desportos de eleição. Neste contexto inserem-se as seguintes imagens: imagem 20 – “ O amante do sol”, imagem 21 – “ O que procura acções excitantes”, imagem 22 – “O arqueólogo”, imagem 23 – “ O aventureiro”, imagem 24 – “ Espiritualista”, imagem 25 – “ Turista de classe alta”, imagem 26- “ Desportista”.

Por último, a tipologia de Plog, baseada numa escala de traços de personalidade e preferências de estilo de vida, esta escala é composta por dois extremos Psicocêntricos e Alocêntricos, no primeiro caso podemos dizer que são pessoas que concentram o seu comportamento nas suas preocupações pessoais e são mais passivos do que activos, no segundo caso podemos dizer que são pessoas muito curiosas e que tem um grande desejo de aventura e são mais activos do que passivos. Depois destes dois existem os, os quase-psicocêntricos, cêntricos e quase-alocêntricos. Os quase-alocêntricos procuram essencialmente o conforto social e sítios frequentados pelos media para satisfazerem o seu ego. Os cêntricos têm um pouco das características dos Psicocêntricos e Alocêntricos uma vez que estão no meio das duas tipologias. Os quase-alocêntricos são aqueles que viajam apenas por obrigação ou então por motivações culturais. Neste contexto insere-se o documento 10 “Tipologia de Plog”, estão apresentados os tipos e as características dos diferentes caracteres dos turistas. A curva psicológica de Plog é um gráfico que define o carácter psicológico de um destino em função dos tipos de pessoas. Os traços Alocêntricos e Psicocêntricos foram criados para ajudar a compreender os mercados de viagem. Quando a energia – letargia se juntam podemos distinguir quatro tipos de viajantes: Alocêntricos com elevada energia (viajam normalmente de avião, gastam grandes quantias monetárias e que procuram destinos mais recentes e apelativos); Alocêntricos com baixa energia (embora também utilizem o avião como meio de transporte, as suas viagens reais são menos frequentes, sendo que o seu conceito de viagem turística se baseie principalmente na descoberta literária e na partilha de experiencias com os amigos); Psicocêntricos com elevada energia (são turistas muito activos e que viajam em veículos próprios e de grandes dimensões); Psicocêntricos com baixa energia (preferem ficar em casa com familiares e amigos).

Dentro deste ponto, estudámos também os diferentes tipos de turismo. Os destinos escolhidos e as características desses destinos são influenciados pelas diversas motivações que levam o turista a viajar, como por exemplo culturais, profissionais, desportivas e outras. Os diferentes tipos de turismo estão ligados aos motivos das viagens e pelas características dos destinos. Assim, podemos identificar, tal como apresentamos no esquema 1 “Tipos de Turismo”, alguns tipos de turismo leccionados em aula, nomeadamente: Turismo de Recreio (turismo praticado para fugir à rotina do dia-a-dia, recorrendo-se às praias, belezas naturais ou grandes centros urbanos); Turismo de Repouso (prática de turismo com o objectivo de relaxar física e mentalmente da vida stressante do quotidiano através de cruzeiros marítimos, estadas na montanha, spas…); Turismo Cultural (praticado por pessoas motivadas essencialmente pela aquisição de conhecimentos culturais, praticando viagens de estudo, viagens culturais, visitas a sítios e monumentos históricos, entre outros. Inclui-se aqui ainda o interesse de conhecer coisas novas, como civilizações e culturas diferentes); Turismo étnico (constituído por viagens com objectivos de observar os modos de vida de povos exóticos, interagindo ao máximo com a sua cultura, embora também se incluam aqui visitas a parentes no berço familiar e ao país de origem); Turismo de Natureza (manifesta-se no turismo ambiental, que se relaciona com os vários aspectos da terra, do mar e do céu, e no turismo ecológico, que inclui viagens para áreas naturais com o fim de observar e compreender a natureza e a história natural do ambiente. Implica ainda visitas ou actividades relacionadas coma agricultura); Turismo de Negócios (consequência da deslocação de um grande número de pessoas para participar em reuniões, congressos, etc., assume um elevado significado para os locais visitados, uma vez que as viagens são organizadas fora da época de férias e pagas pelas empresas); Turismo Desportivo (viagens que resultam de motivações para assistir a manifestações desportivas [jogos Olímpicos, entre outros] – atitude passiva ou para praticar variadas actividades desportivas – atitude activa.

Na terceira parte do módulo três “ Os Impactes do Turismo”, falaremos sobre os efeitos negativos e positivos produzidos pelo turismo. O turismo, como uma das maiores indústrias do mundo e sector económico com maior crescimento, possui, inevitavelmente, uma multiplicidade de impactes, tanto positivos como negativos, quer para as populações quer para o meio ambiente. Uma vez que não estão estabelecidos procedimentos universais para a investigação dos impactes do turismo, decidiu-se agrupar os impactes em três grandes grupos, nomeadamente impactes económicos, impactes físicos/ambientais, e impactes socioculturais. Contudo, esta divisão é um pouco superficial, visto que as linhas que as separam são pouco claras e os seus conteúdos se interligam frequentemente.

Os impactes económicos são resultado da venda de bens e serviços a turistas, que permitem, juntamente com os gastos efectuados pelos turistas durante a viagem, contabilizar os benefícios económicos da actividade. No entanto, estes valores só são positivos quando tomadas as medidas certas, como a utilização de indicadores de preços constantes (como é o caso do Euro) e o uso de deflectores cambiais (devido à diferença de valorização das moedas). Estes benefícios, gastos com a prática do turismo, espalham-se através de muitos sectores, que podem ser acompanhados através do efeito multiplicador do turismo. O efeito multiplicador avalia os gastos directos dos visitantes e orça como estes crescem. À medida que a população residente dá uso a estes lucros, estimula a actividade económica local, distribuindo-o pelos diversos sectores. O modelo multiplicador define-se pela sua utilidade na determinação das mudanças na produção, renda, empregos, e na balança de pagamentos, devidas a uma alteração no novel de despesa turística na região. Ou seja, multiplica as receitas geradas pelo turismo pelas várias infra-estruturas e equipamentos dos variados sectores. Não devemos deixar de parte, ainda, os gastos dos turistas que se desperdiçam nas compras feitas pelo sector turístico em bens e serviços noutros países, devido a não serem suficientemente desenvolvidos para responder às necessidades do turismo. A estas despesas perdidas dá-se a definição de fugas (leakages) do sistema. Os multiplicadores turísticos têm por objectivo avaliar a relação entre a despesa turística directa na economia e o seu efeito secundário. Alguns sectores afectam o multiplicador, como o tamanho da economia local, propensão dos turistas e moradores a comprar bens e serviços e a propensão a economizar, por parte dos moradores. Dentro dos multiplicadores, temos o multiplicador de rendimento (ligado ao rendimento doméstico), multiplicador de emprego (mede o aumento de empregos grados por uma actividade extra de despesa turística) e o multiplicador do governo (mede a receita pública gerada por uma unidade extra de despesa turística). Estes multiplicadores podem ser aplicados a nível nacional, regional ou comunal. Os rendimentos do Estado originados pelo turismo podem ser directos – provenientes de taxas e impostos sobre as empresas e os trabalhadores do sector turístico – e indirectos – resultam das taxas e impostos sobre bens e serviços oferecidos aos turistas. O emprego gerado pelo turismo também pode ser directo – criado especificamente para satisfazer a necessidade do sector turístico – ou indirecto – não estão directamente ligados ao turismo, mas também são sentidos pelos mesmos. Segundo Mathieson e Wall, existe ainda uma terceira categoria, o emprego induzido – originado pelos gastos dos trabalhadores directos pela área turística. A capacidade de empreendimento no turismo tem impactes negativos, que são: o emprego sazonal, a população local reduzida incapaz de preencher a procura, falta de trabalhadores especializados, e a importação de profissionais para trabalhar neste sector. O desenvolvimento turístico é sempre favorável ao progresso de uma região ou localidade, gerando rendimentos, empregos e actividade económica, ajudando desta maneira a sustentar a comunidade e a aumentar a qualidade de vida assim como os seus rendimentos, propiciando a actividade empresarial. Existem, ainda assim, aspectos negativos impostos por este crescimento, dos quais se podem destacar o perigo da forte dependência do sector, aumento da inflação, a sazonalidade e as distorções económicas. Dados todos estes impactes, pode recorrer-se a medidas de controlo dos impactes económicos (Inskeep), tais como o desenvolvimento turístico gradual, incentivo do investimento local, aperfeiçoamento de outras actividades económicas, entre outros. Para salientar esta ideia dos impactes económicos, introduzimos no nosso trabalho um vídeo -

Em relação aos Impactes Ambientais, a actividade turística representa a procura de energia, matéria-prima, bens e serviços. O ambiente funciona como produtor de bens turísticos e actua como factor estratégico de concorrência para um destino turístico, principalmente para aqueles em que o ambiente é a sua grande atractividade. O ambiente está dividido em natural e construído. O turismo pode gerar impactes positivos e negativos, dependendo do planeamento que é feito. O turismo, quando bem planeado e controlado, pode ajudar a manter e a melhorar o ambiente de várias formas. Temos a conservação de áreas naturais e importantes, onde o turismo pode ajudar a criar e conservar parques e reservas naturais, uma vez que estes constituem importantes atracções turísticas. Tem uma grande importância em países com recursos limitados, uma vez que sem a actividade turística estes espaços estariam abandonados. Podemos falar ainda da conservação de locais arqueológicos e históricos de carácter cultural e arquitectónico, em que o turismo ajuda na conservação desses mesmos locais, que de outra forma não seriam conhecidos. As receitas dos turistas são aproveitadas para preservação e reforma de monumentos, e também para pesquisas arqueológicas. Temos também a melhoria da qualidade ambiental, em que a actividade turística contribui com medidas de controlo da água, ar e lixos e ainda criando programas paisagísticos, que visam a construção de edifícios sem “ferir” a paisagem local. Outra medida é a melhoria das infra-estruturas, onde o truísmo permite aos locais usufruírem de melhores infra-estruturas (rede de esgotos, qualidade da água e telecomunicações). Por último, temos a consciencialização para os problemas ambientais, onde o desenvolvimento da industria turística conduz à sensibilização, por parte da população local, para a preservação do ambiente. Em contraste aos impactes positivos, temos os negativos, que aparecem quando o turismo não é planeado, desenvolvido e gerido de forma cuidadosa. Estas consequências negativas dependem do modelo de desenvolvimento turístico, mas também as características específicas da área turística. Como efeitos negativos temos: a poluição da água que, sem possuir um sistema de saneamento básico, leva os efluentes a poluir águas subterrâneas, lagos, zonas costeiras e rios, tal como retratado na imagem 27 “Impactes Ambientais Negativos – Poluição da água”. Esta poluição pode também ser provocada por transportes turísticos e de recreio; a poluição do ar, pois apesar de a actividade turística transmitir uma imagem de limpeza, na realidade é produtora de uma forte poluição do ar que se deve ao numero de veículos utilizados para transportes turísticos, assim como ao mau planeamento de localização de áreas turísticas por existirem grandes pressões construtivas e poucas zonas verdes, e ainda à existência do sector secundário em excesso que tem por fim a produção de bens para o sector turístico, tal como podemos ver na imagem 28 “Impactes Negativos Ambientais – Poluição do Ar”; a poluição Sonora que se deve, em geral, às infra-estruturas necessárias para a realização da actividade turística, como por exemplo, aviões, barcos de recreio, parques de diversões, e estradas de acesso, tal como ilustrado na imagem 29 “Impactes Ambientais Negativos – Poluição do Ar”, que podem atingir níveis de ruídos muito elevados, tornando-se assim desconfortável para os residentes; poluição visual resulta do desenho arquitectónico dos edifícios de pouca qualidade, utilização de materiais de construção que não se ligam ao meio envolvente, mau planeamento dos equipamentos, etc; a perturbação ecológica, que resulta do crescimento descontrolado da actividade turística, e onde aparece a desflorestação, a erosão dos locais e à extinção de certos animais, e por fim problemas derivados da utilização dos solo, tais como o abandono dos terrenos agrícolas. O conceito de capacidade de carga surge quando incluímos o ambiente no planeamento e desenvolvimento do turismo: “o número máximo de pessoas que podem utilizar um sítio sem provocar alteração inaceitável do ambiente físico, e sem provocar uma alteração inaceitável na qualidade de experiência adquirida pelos visitantes.” (Mathieson e Wall). Tal como podemos concluir pelo esquema 2 “Tipos de Capacidade de Carga” inserido no nosso trabalho, existem quatro tipos de capacidade de carga: Física – relaciona-se com o volume de terreno disponível para equipamentos e infra-estruturas, incluindo igualmente a capacidade finita destas facilidades, ou seja, consiste na medida de capacidade mais directa e é usado como instrumento de planeamento e gestão -; Psicológica – constitui um conceito muito individual, pois esta capacidade é ultrapassada quando a experiencia do visitante é prejudicada -; Biológica – relaciona-se com a flora e a fauna, e é ultrapassada quando os danos ambientais são intoleráveis -; Social – deriva do planeamento do turismo em relação à comunidade e define níveis de desenvolvimento para os residentes. Tal como acontece com os impactes económicos, também se sugerem medidas de controlo para os impactes ambientais, para prevenir problemas e que são muito importantes na manutenção e no melhoramento da qualidade global do ambiente, como são exemplo a instalação do fornecimento de água e sistemas de esgotos, o desenvolvimento de sistemas para fornecer energia eléctrica, recurso a técnicas de reciclagem, tratamento de resíduos líquidos, desenvolvimento de redes e estradas e transportes, criação de sistemas pedonais, provisão de espaços abertos, manutenção adequada de veículos turísticos, estabelecimentos de controlos na limpeza em qualquer área onde exista água, desenhos adequados de cais para barcos e marinas que não conduzam à erosão, planeamento e desenho apropriado de equipamentos turísticos, controlar derrubes de árvores para uso em fogueiras, alimentação de animais selvagens, e restrições na recolha de espécies raras de plantas e na pesca. Para salientar esta ideia dos impactes económicos, introduzimos no trabalho um vídeo (Vídeo 6 – “ Impactos do turismo”), onde são apresentados os vários tipos de impactes negativos do turismo numa pequena zona brasileira.

No que diz respeito aos impactes sociais e culturais, estes têm como foco as sociedades receptoras e são as relações estabelecidas entre turistas e residentes. Os impactes sócias do turismo resultam das comunicações entre o turista e o anfitrião. Os impactes culturais resultam das mudanças nos costumes de um povo que resultam do turismo. Existem quatro traços principais de relacionamento entre turistas e comunidade anfitriã. O primeiro, Natureza transitória, caracteriza-se por ter uma estadia curta, o turista interage com a comunidade, a comunidade anfitriã considera o contacto superficial porque em cada época alta vêm novos turistas. O segundo traço, constrangimento de espaço e tempo, tem como principal característica o facto de os turistas estarem a maior parte do tempo separados dos locais de habitação da população local, sendo o contacto reduzido. Os turistas podem tornar-se impacientes com demoras. No terceiro traço, falta de espontaneidade, o envolvimento entre turistas e residentes locais é muito pouco espontâneo. À medida que o destino se massifica, as relações perdem a espontaneidade e as actividades passam a ser planeados e realizadas exclusivamente para turistas. O último traço, experiências desiguais, é definido pelos diferentes objectivos existentes entre os turistas e os anfitriões. As diferenças sociais e económicas tornam as interacções sociais desajeitadas, e levam à negação de encontros. Tal como é figurado no Esquema 6 – “ Impactes sociais positivos”, pertencem a estes impactes o aumento dos contactos sociais, novos modos de vida, novos valores e novas ideias. No Esquema 4 – “Impactes culturais positivos”, podemos ver que dentro dos impactes culturais positivos existem situações como a protecção, interpretação e gestão do património, o aumento das oportunidades e experiencias socais, o intercâmbio cultural, o aumento da consciência da história cultural e uma maior apreciação da cultura artesanal, desenvolvimento de espectáculos e novas actividades económicas e socais. O Esquema 5 – “Impactes sociais negativos” fala-nos da destruição da cultura local, conflitos culturais, tensões entre visitantes e comunidades mais débeis, aparecimento da prostituição em locais que não eram destinos sexuais, aumento das actividades ilegais e pressão para a mudança de valores sociais, modos de vestir, costumes, entre outros. O Esquema 3 – “Impactes Culturais negativos” está relacionado com os impactes culturais negativos, entre os quais a perda do equilíbrio e do orgulho na cultura original, alteração nociva dos recursos culturais, comercialização e aculturação da sociedade e alterações nos padrões de consumo, no artesanato, na gastronomia e na própria língua. Para explicar os impactes sociais, existem três modelos: Modelo Irridex, Modelo Atitudinal e Modelo de Ajuste. O primeiro modelo, é utilizado para explicar a evolução nas atitudes dos residentes de uma comunidade de destino face ao turismo. Este modelo divide-se em quatro fases: Fase da euforia (excitação face ao desenvolvimento turístico que proporciona oportunidades económicas e mobilidade social ascendente; os visitantes limitam-se a parecer e são recebidos pela comunidade tal como ela existe), fase da Apatia (consoante a expansão da industria, assim o turismo tende a estabelecer metas para obter lucros; lidar com os visitantes passa a ser banal), fase do Aborrecimento (aumenta a impaciência dos residentes face ao aumento dos turistas; a comunidade satura-se e isola os visitantes em secções turísticas), fase do Antagonismo (a evolução positiva passa a ser vista como algo negativo pela comunidade local e o turismo passa a ser indesejado; é expressa uma antipatia por parte dos residentes e começam a gera-se estereótipos negativos). Todavia, esta última fase pode ser evitada quando o turismo não representa a única fonte de rendimento. O segundo modelo apresenta uma teoria em que os membros da comunidade podem apresentar atitudes positivas ou negativas para com os turistas e que podem ser expressas de forma activa ou passiva. Este modelo é mais realista dado que a maioria dos residentes tem sentimentos diferentes a respeito do papel do turismo dentro de uma comunidade: alguns preferem manter-se distantes dos turistas, enquanto outros os integram no seu meio. À medida que os turistas que se juntam à comunidade aumentam, alguns residentes desenvolvem atitudes negativas e expressam esses sentimentos abertamente, podendo num passado recente ter mostrado uma atitude diferente, ou seja positiva de um modo passivo. Quando a maioria da comunidade ostenta uma atitude negativa, desenvolvem-se conflitos abertos danificando a atmosfera da hospitalidade. O terceiro modelo é mais complexo e sugere que os residentes mostrem vários tipos de respostas ao turista, de entre as quais a resistência (entram em acções agressivas em relação ao turismo e aos turistas, expressando uma hostilidade aberta, subtil e indirecta), e a retracção (os membros comunitários evitam o contacto ou interacção com o turismo e o turista; o turista é aceite apenas por questões económicas afastando qualquer aproximação a nível social – procedimento passivo). Na óptica do impacte na sociedade residente, Smith (1978), classifica os turistas como exploradores – em pequeno número e sempre independentes, apreciando e inserindo-se na cultura local -, de elites – preferem uma “experiência verdadeira” mas apenas por um curto espaço de tempo, sendo em pequeno número e repudiando o espontâneo -, descontraídos – não desejam visitar atracções vulgares, são flexíveis e adaptam-se facilmente à cultura local -, de massas incipientes – preferem locais familiares, como hotéis e restaurantes standard internacionais, viajando individualmente e em pequenos números -, e de massas – chegam em pacotes turísticos e mostram uma preferência definitiva por este tipo de viagem.